domingo, 26 de julho de 2015

I-Lived (2015)

I-Lived (EUA, 2015)
Diretor: Franck Khalfoun
Elenco: Jeremiah Watkins (Josh Fosse), Franck Khalfoun (Detetive McQuee), Brian Breiter (O Homem), Jan Broberg (Mãe de Josh), Nick D'Avirro (Pai de Josh), Shannon Collis (Garota Bêbada), Josh Cowdery (Executivo), Luis Fernandes-Gil (Roberto Luis), Chris Mena (Bobby Yen), Koral Michaels (Garota do sequestro), Elaine Partnow (Sra. Lee), Thomas Payton (Zach), Sarah Power (Greta).
SINOPSE: Josh Fosse é um cara nos seus 20 e poucos anos de idade cuja vida não tem mais rumo. Sua namorada o deixou, o aluguel está atrasado e ele não tem um emprego de verdade. Ele ganha a vida como um crítico online de aplicativos para smartphones. Ele decide testar um app chamado "I-Lived" por diversão, um aplicativo de autoajuda. Após fazer seu logon, sua vida muda completamente. Ele conhece a garota de seus sonhos e recebe uma oferta de emprego irrecusável. Convencido de que é ele, e não o app o responsável pela melhora em sua vida, ele desiste do programa e perde tudo que havia conquistado. Tentando assinar o programa novamente, os termos são diferentes. Agora o app exige que ele faça coisas que estão fora de sua zona de conforto moral... mas que são essenciais para que ele atinja o sucesso que o app promete.

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Atualmente a tecnologia e o uso dos modernos meios de comunicação tornou a vida das pessoas mais fácil, ao mesmo tempo em que a comunicação permitida através dos aplicativos às vezes toma o lugar de um carinho real, de um afeto real e torna fluida e rasa qualquer relação que se estabeleça através da internet e/ou dos smartphones. Algumas vezes as pessoas conseguem ficar mais tempo conectadas do que efetivamente vivendo suas vidas, como se a tecnologia controlasse suas mentes e suas ações. Não, isso não foi o começo de um texto sobre como a tecnologia atual influencia nossa vida social e mental, mas sim o tema do mais novo trabalho de Franck Khalfoun (do ótimo Maníaco) chamado I-Lived que utiliza a premissa de um aplicativo "do mal" que pode fazer milagres na vida do assinante, desde que o mesmo esteja disposto a executar missões que o aplicativo indica. Na trama acompanhamos Josh (Watkins), um jovem adulto que mora sozinho e sonha ser um grande magnata no ramo da tecnologia, enquanto tenta ganhar a vida com seu vlog, onde faz resenhas de aplicativos para smartphones. Seu canal não tem lá muitas inscrições, o aluguel da suntuosa casa onde vive está atrasado e sua vida amorosa é um fiasco, principalmente depois que seu relacionamento anterior terminou por causa de uma traição da moça. Resumindo bem, a vida de Josh vai de mal a pior e as coisas só começam a mudar quando ele conhece o app I-Lived que basicamente solicita que o assinante tire a bunda do sofá e vá atrás daquilo que deseja, quase como um livro de autoajuda, ironicamente o aplicativo original apenas diz aquilo que as pessoas fariam normalmente caso desligassem um pouco seus aparelhos. Para cada desejo inserido no app o usuário deve executar uma missão. Por exemplo, em dado momento da trama Josh recebe várias missões para que possa conquistar e namorar Greta (Power), o interesse sexual/romântico do rapaz, entre elas fazer gentilezas para desconhecidos e aprender a dançar e a cozinhar. Até aí tudo bem, mas depois que Josh atinge tudo aquilo que desejara, ele desiste do aplicativo, e ele perde tudo que havia conquistado. Acreditando que foi o app que transformou sua vida, ele o assina novamente, mas desta vez as missões envolvem coisas que fogem de sua zona de conforto e do que seria considerado moralmente aceitável.

"Você é um escravo. Eu sou um escravo. Somos todos escravos"



Diferentemente do virtuosismo técnico e estético de seu trabalho anterior, Khalfoun emprega aqui uma estrutura fílmica simples, sem grandes chamarizes para ilustrar as metáforas que permeiam a trama, que são de fato interessantes, mas por serem óbvias e utilizadas num roteiro simples e pouco ousado acabam perdendo sua força. Jeremiah Watkins tem que segurar o filme nas costas, afinal ele ocupa a tela por mais de 90% no filme, e até que convence, e nesse ponto o filme é acertado, assim como no uso de diálogos prosaicos que evocam certo realismo necessário para que a trama funcione. O roteiro também acerta ao incluir pequenos detalhes de maneira natural (como a mudança de status do relacionamento no Facebook e as estatísticas de inscritos em um canal) para ilustrar a força da tecnologia nos subtextos do filme.

Por outro lado, a partir da metade da projeção, o filme que já continha um roteiro frágil se perde de vez. Há um didatismo irritante no final, tratando de como as pessoas nunca leem o contrato quando baixam um programa, ou como é extremamente fácil obter dados pessoais de qualquer pessoa que tenha conta em uma rede social, algo que funcionaria muito melhor nas entrelinhas, sem a necessidade de esfregar na cara do espectador informações tão óbvias. O pior, no entanto, é quando o filme abandona qualquer traço de sutileza e mistério que apresentava em prol de uma analogia que se faz entre o aplicativo e o próprio Diabo (que aliás, está em um dos pôsteres do filme e também ao se inverter o nome do aplicativo). Numa avaliação geral a impressão que fica é que Khalfoun queria tocar um projeto pessoal mais ambicioso, ainda que com orçamento menor, mas o resultado final ficou muito aquém do interessante conceito original.

 


 
 Trailer:
 

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