sexta-feira, 5 de junho de 2015

Lake Mungo (2008)

Lake Mungo (Austrália, 2008)
Diretor: Joel Anderson
Elenco: Rosie Traynor (June Palmer), David Pledger (Russell Palmer), Martin Sharpe (Mathew Palmer), Talia Zucker (Alice Palmer), Tania Lentini (Georgie Ritter), Cameron Strachan (Leith Ritter), Judith Roberts (Iris Long), Robin Cumming (Garret Long), Marcus Costello (Jason Whittle), Chloe Armostrong (Kim Whittle), Carole Patullo (Sargento Drouin), John Dunn (Diretor do Funeral), Laurie Dunn (Diretor no Funeral), Kirsty McDonald (Genevieve Trudeau), James Lawson (Frederick Rosskamp).
SINOPSE:  Alice Palmer morre acidentalmente numa represa local. Depois de o corpo ser reconhecido, os pais e o irmão começam a presenciar manifestações sobrenaturais em casa ou nas suas imediações. Começam a surgir várias fotografias e vídeos onde pode-se ver a silhueta da jovem. É iniciada então toda uma investigação paranormal que não só vai abalar a comunidade como vai desvendar o verdadeiro segredo por trás da morte de Alice.






Não sou fã de filmes found footage, produções que baseiam suas tramas em supostas filmagens encontradas, algo geralmente utilizado em produções de baixo orçamento (por exemplo, no ótimo A Bruxa de Blair e em Atividade Paranormal) e que procuram, em geral, evocar realismo através do recurso. Outra estratégia bastante utilizada por cineastas independentes, sobre a qual também tenho ressalvas, é o mockumentary, filmes que emulam documentários reais através de narrativas ficcionalizadas, onde atores profissionais interpretam fatos supostamente reais. Mas gostei muito de Lake Mungo, filme australiano não lançado no Brasil, nem comercialmente nos EUA, que mistura um pouco dos dois “subgêneros”. O Longa se apresenta como um documentário falso utilizando imagens encontradas de várias fontes (filmagens de celular, fotos, vídeos caseiros) e se sai extraordinariamente bem como um híbrido de horror sobrenatural e drama familiar.


"Se você nunca viu um fantasma...Olhe mais de perto"





Escrito e dirigido com por Joel Anderson, o longa acompanha os registros e depoimentos de uma família feitos para um documentário de TV. A família Palmer foi abalada com a morte da filha Alice, de 16 anos, encontrada afogada em uma represa na cidade de Ararat, Austrália quando a família passeava pelo local. Seus pais, Russell e June, e seu irmão Matt, abalados pela tragédia, não conseguem prosseguir com suas vidas uma vez que estranhos eventos sugerem que Alice ainda está presente na casa onde a família mora.





Joel Anderson utiliza com inteligência vários artifícios que nas mãos erradas poderiam gerar um terror barato e genérico. O principal deles é a aparição de Alice nas fotos e filmagens que seu irmão Matt faz, meses após sua morte. Anderson imediatamente usa o ceticismo que alguém imediatamente alegaria como argumento, para desacreditar tais aparições, e o que se segue no filme a partir de tal desmascaramento é uma sucessão de twists coerentes e perturbadores, que não pretendo revelar aqui. Revelações sobre segredos que Alice guardava, a culpa inequívoca que em geral sentimos após a morte de alguém que amamos, e uma apavorante subtrama envolvendo premonições e a aparição de um doppelganger (que gera a cena efetivamente mais sinistra do filme) fazem com que Lake Mungo consiga fugir do lugar-comum e constrói um longa que combina de forma orgânica o sentimento de luto de uma família com um horror misterioso que realmente incomoda o espectador. O diretor-roteirista intercala sabiamente os depoimentos de amigos e familiares de Alice (boas atuações no geral) com planos contemplativos e uma trilha dramática suave que marcam o sentimento de pesar que percorre todo o filme. O resultado é uma alegoria sinistra que consegue agradar os fãs de horror ao mesmo tempo em que não foge de sua própria lógica interna de documentário.

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