quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Albergue

O Albergue (Hostel, EUA, 2005)
Diretor: Eli Roth
Elenco: Jay Hernandez (Paxton), Derek Richardson (Josh), Eythor Gudjonsson (Olin), Barbara Nedeljakkova (Natalya), Jana Baderabkova (Svetlana), Jennifer Lim (Kana), Keiko Seiko (Yuki), Rick Hoffman (Cliente Americano), Zigo Patrik (Líder da gangue infantil), Petr Jans (Cirurgião Alemão), Takashi Miike (Miike Takashi), Paula Wild (Monique).
SINOPSE: Três mochileiros em viagem pelo leste europeu em busca de sexo e diversão se deparam com um estranho albergue na Eslováquia e a promessa de mulheres fáceis, mas acabam encontrando um local de tortura e violência.





"Bem-vindo ao seu pior pesadelo"






Vindo do pequeno e genial Cabana do Inferno (2002), Eli Roth comandou, três anos depois, e com direito a apadrinhamento de Quentin Tarantino e participação especial de Takashi Miike, o filme que viria a se tornar referência no que se convencionou chamar pejorativamente de gênero torture porn, filmes de horror com muito, mas muito sangue, torturas e mutilações, tudo em um grau mais ou menos explicito, daí a infame alcunha. Poderíamos talvez inferir que o ganho em brutalidade nos filmes da última década se deve à diversas razões, como o contexto pós-11 de Setembro, bem como a dificuldade cada vez maior de se obter tramas originais, sobretudo dentro do gênero horror; mas talvez o subgênero não precise de ninguém que o defenda. Talvez seja preciso olhar mais para a natureza humana, que, para o bem ou para o mal, sente atração pela violência, em geral, felizmente, simulada em filmes ou coreografias. Porém se extrapolarmos para o gênero horror, onde o prazer é geralmente alcançado pela obtenção dos sentimentos mais horríveis que poderíamos sentir (medo, asco, calafrios, susto, tensão), aí é que teremos um prazer muitas vezes misturado com culpa, já que esse sadomasoquismo artístico é, ao mesmo tempo, inocente (já que é tudo "de mentirinha") e nos revela muito sobre nós mesmos. 
Buscando deixar desta vez as reflexões sobre o apelo do gênero de lado, e escrevendo sobre o filme, é inegável que O Albergue cumpre bem a sua função de despertar a mais diversa gama de sentimentos no espectador, e, se a maioria deles não é agradável, pelo menos o cineasta Eli Roth consegue estabelecer no seu filme, com a companhia do compositor Nathan Barr e do designer de produção Franco-Giacomo Carbone (ambos vindos do filme anterior de Roth) uma tensão crescente e um ritmo ágil à sua trama, contando ainda com a montagem do conhecidíssimo George Folsey Jr. (produtor de Um Lobisomem Americano em Londres e do clipe Thriller, de Michael Jackson) e dos efeitos práticos de maquiagem da KNB.
Provando ter carisma e talento suficientes para carregar um filme como esse, o ator Jay Hernandez interpreta o jovem Paxton, que junto com outros dois amigos (todos estereótipos americanos pós-adolescentes), estão viajando pela Europa em busca de drogas fáceis e muito sexo. Com a promessa atraente de um estranho homem, eles decidem partir para um recluso albergue na Eslováquia, onde nem tudo é o que parece e, após o desaparecimento de um dos amigos, tudo parece virar um inferno.
Ainda que se distanciando de filmes experimentais como os da serie japonesa Guinea Pig, Roth nos brinda com uma grande dose de violência a partir do segundo ato, pelo qual é feita uma transição muito sutil do besteirol (in)voluntário do início do filme para o horror de fato, estabelecendo um clima cada vez mais sufocante de tensão, e apresentando pelo menos uma boa sequência, que nos mostra o salvamento de uma das personagens no final do filme.
E para concluir, devo dizer que não é a primeira vez que assisti a O Albergue. E, guilty-pleasure ou não, o fato é que me diverti, sim, e obtive uma ótima experiência de catarse, e nesse sentido o filme funcionou muito bem.


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